quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

A construção do grupo




Um grupo se constrói através da constância da presença de seus elementos na rotina e de suas actividades.

Um grupo se constrói no espaço heterogéneo das diferenças entre cada participante:

- da timidez de um, do abafar do outro; da serenidade de um, da explosão do outro; do pânico de um, da sensatez do outro; da seriedade desconfiada de um, da ousadia do risco do outro; da mudez de um, da tagarelice de outro; do riso fechado de um, da gargalhada debochada do outro; dos olhos miúdos de um, dos olhos esbugalhados do outro; da lividez de um, do encarnar do rosto do outro. Um grupo se constrói construindo vínculo com a autoridade e entre iguais. Um grupo se constrói na cumplicidade do riso, da raiva, do choro, do medo, do ódio, da felicidade e do prazer.

Vida de grupo dá muito trabalho e muito prazer porque eu não construo nada sozinho, tropeço a cada instante com os limites do outro e os meus próprios, na construção da vida, do conhecimento, da nossa história.

Quem acompanha e coordena um grupo deve ter uma ideia do "processo de formação grupal" (caminho) que esse grupo vai fazer. Assim ele(a) garantirá que o grupo em um espaço de tempo seja não só convocado (chamado), mas também conheça a sua própria situação, descubra a comunidade, perceba como é a sociedade, a conjuntura maior que o cerca e como cada pessoa pode interferir e principalmente que essa militância contribua para definir, perceber sua vocação e seu projecto de vida.

Assim o caminho será feito e todos(as) poderão cantar: "por isso vem, entra na roda com a gente, também você é muito importante, vem!"

Vanildes Gonçalves dos Santos e Lourival Rodrigues da Silva,
Artigo publicado na edição 294, março de 1999, página 5.


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