terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Reflexão da Quaresma [2]

Assim começa o filme a “Paixão de Cristo”, aí parece que começou a Hora. Antes estaria no Deserto como nós agora, antes teria estado no Encontro a sós com Ele e com o Pai e ao voltar ao mundo… despede-se dos seus amigos, deixa-lhes mensagens de paz e de amor. Dá-se aos seus em Corpo e Sangue. E promete-lhes que jamais os deixará sós, órfãos.
Que conforto no seu olhar apesar de trémulo de emoção. Que seguro estava o seu coração aos falar-lhes em voz mansa, que comovidos ficaram quem o ouviu.

Que comovida fico eu ao ouvi-lo baixinho, ao reviver na Eucaristia esta Ceia Pascal. Que alegria sinto por estar a caminhar no Deserto, ao Encontro da Sua voz que me chama. Espero vê-lo a acenar-me depois da duna, desejo ardentemente que me convide para sentar junto a Ele e em silêncio trocarmos Vida.

Ajoelho-me perante a cena do Getsémani, debaixo de uma oliveira e escuto os lamentos do meu Senhor, acolho com o coração apertado as Suas palavras, as Suas lágrimas, a Sua entrega e clamo com Ele ao Pai na minha vida: “Pai, nas Tuas mãos entrego este Cálice. No entanto, não se faça a minha vontade, mas a Tua Vontade Senhor Meu Deus”.

Relembro os Encontros com os discípulos (com os que cruzam os meus caminhos e ruas, Sta Catarina, os companheiros do Metro, do Comboio, do gabinete, das casas do Bairro onde trabalho, dos meus mais que tudo com quem partilho a Fé e a Vida), com a Cruz (dificuldades e obstáculos que tantas vezes não sei como levar ou ultrapassar), com a Mãe, Maria (com a minha Maria que tantas vezes me acolhe em silêncio quando chego a casa cansada e desanimada, que tantas vezes partilha também das minhas risadas e felicidade), com o Simão, de Cirene (esse que também encontro e me fala nos meus dias, às vezes não tem um só nome, não é a mesma pessoa, mas que sei que me foi enviada para me ajudar a Caminhar, a encontrar soluções, a não desistir), com o benfeitor e o malfeitor (estes expressos tantas vezes nas minhas semanas, expressos em indivíduos ou comportamentos, em mim mesma), Encontro com Maria e João (a família, os amigos, aqueles que ensinam a crescer na Alegria e na Dor, mas que estão sempre perto), com o Pai (que tantas vezes me ouve e me espera pacientemente, que aguarda minha conversa enquanto me sonda).

Vivamos a Quaresma e a Caminhada para a Ressurreição com serenidade e sedentos da Sua Presença.

PAX ET BONUM na reflexão do amor de Cristo,

Susana Bilber

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